Carpe Diem

E que venha a loucura

E que venha com toda a força

Força que me faça despencar das minhas próprias crenças

Crenças loucas


E que venha a fé

E que venha você

Renda-me!

Lute e enlouqueça também

Fuja da realidade

E se entregue às oportunidades...


Abandone a sua razão insana

E se afogue nesse mar de incertezas

Seja puramente profana

E que o nosso juiz seja a nossa vontade


E que o nosso controle e bom senso sejam passageiros

Viajantes de longa data

E que se percam na nossa odisséia

Na nossa aventura

Com nossa loucura

Buscando o porquê de ainda existir...

(Noturno)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Continuação do capítulo II

Entrei e mal olhei para os lados, meu plano era localizar uma mesa, sentar, respirar fundo e é claro pedir o primeiro de muitos chopps. Mas ninguém me prometeu uma vida fácil, não é mesmo? Quando pensei em puxar uma cadeira, a voz macia da Nanda pôs por terra toda a minha suposta rota de fuga:
            - Calma Pietro, já tem gente esperando por nós aqui...
            A frase foi acompanhada de um sorriso irônico, e eu é claro estranhei, senti que aquele era o momento exato de pegar a chave do carro e sumir dali, algo me dizia isso, como se meu subconsciente estivesse tentando me dizer que era necessário fugir.
            - Como assim Nanda? O encontro não era apenas entre nós três...?
            - Bem, as coisas mudam Pietro, e nem sempre você pode controlá-las ou prevê-las... Acredite no início você vai se assustar, mas tanto eu como o Miguel sabemos que no fundo no fundo, você vai adorar...
            A voz de Nanda era ao mesmo tempo firme e irônica, não sabia ao certo se ela estava falando sério ou se estava simplesmente aprontando mais uma comigo. Eu já estava me sentindo pesado e aquela sensação sufocante voltava a me envolver, era uma sensação de embriaguez, os pensamentos estavam turvos e eu sabia que precisava reagir rapidamente.
            - Não estou preparado para charadas, muito menos para mistérios, ou você me fala exatamente o que está acontecendo, ou eu vou embora agora! Não gosto desse tipo de brincadeira.
            - Deixa de coisa Pietro, você está se tornando paranóico. Nós somos seus amigos lembra?
            - Nem vem com esse “papinho emo” Miguel, esse negócio de todos amigos e felizes para sempre não cola comigo. Eu sei que no fundo, vocês estão escondendo algo. Finalmente, o que vocês estão me escondendo?
            - Você não mudou nada Pietro...
            Aquela voz me petrificou. Naquele momento foi como se o próprio tempo estivesse estático diante de mim e eu já não conseguia me sustentar de pé, na verdade eu nem conseguia me virar, ou talvez não quisesse. Era assustador apenas imaginar que poderia ser ela. Parei e respirei devagar, olhei para trás, não esperava ver o que eu estava prestes a encontrar, não sei se era por desejo, vontade ou até mesmo medo, só sei que não queria ter ouvido aquela voz. Minha mente ficou nublada, as palavras se misturavam ao pensamento que embebida por um turbilhão de lembranças resultavam no mais absoluto silêncio. Nem a música do Casarão, que costumeiramente é muito alta, eu conseguia ouvir, tudo e exatamente tudo parou, e é óbvio que qualquer um naquele momento, se sentisse o que eu estava sentindo saberia que é inevitável não emudecer. Senti-me frágil como nunca havia me sentido, e diante de tanta expectativa, outra palavra explodiu diante de mim:
            - Não vai falar nada Pietro? O que foi não lembra mais de mim é?
            Acreditem, o problema não era a falta de lembranças e sim o excesso delas. Eu estava rendido, absolutamente rendido e mergulhado em uma situação que talvez eu estivesse evitado nos últimos 6 anos. Sempre que pensava nessa possibilidade, eu treinava falas, ensaiava argumentos, mas nunca imaginei como fosse acontecer da forma que aconteceu. Aos poucos meu corpo imóvel foi sendo devolvido a mim e o nó na minha garganta foi sendo desatado, a partir daí eu pude, ensaiar, quer dizer, balbuciar o meu primeiro gesto de inteligência social:
            - A...a...a...alice?

2 comentários:

  1. Que venha as oportunidades!
    E quanto ao capítulo , já li e vc já sabe minha opinião :)
    bjo

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  2. Paulinho, sabe que sou sua fã, né? Descobri seu blog hoje e estou encantada com o seu talento também pra a escrita! Acompanharei fiel e ansiosamente tudo que vier a ser escrito por você. Te admiro demais e continue assim com seu jeito e personalidade únicos! Se quando eu crescer for metade do que você é já estarei muuito feliz! Estou no aguardo para os próximos capítulos. Beijo.

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