Carpe Diem

E que venha a loucura

E que venha com toda a força

Força que me faça despencar das minhas próprias crenças

Crenças loucas


E que venha a fé

E que venha você

Renda-me!

Lute e enlouqueça também

Fuja da realidade

E se entregue às oportunidades...


Abandone a sua razão insana

E se afogue nesse mar de incertezas

Seja puramente profana

E que o nosso juiz seja a nossa vontade


E que o nosso controle e bom senso sejam passageiros

Viajantes de longa data

E que se percam na nossa odisséia

Na nossa aventura

Com nossa loucura

Buscando o porquê de ainda existir...

(Noturno)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PARTE 3: Vingança

           Corria com lágrimas nos olhos e fúria no coração. Meu corpo queimava e meu sangue fervia dentro de mim. Praguejava e a ofendia em meus pensamentos, amaldiçoava o simples fato de um dia tê-la conhecido, mal conseguia enxergar o que estava ao meu redor e também mal me importava se os carros iam ou não me atropelar. Queria sair dali, queria correr, queria sumir. Por que ela tinha feito aquilo? Por que tinha me enganado de tal forma? Como um pato eu tinha caído nas suas artimanhas, no seu joguinho de conquistar. Alice o que você fez terá um preço! Era a frase que eu repetia várias e várias vezes para mim. A confusão de sentimentos tinha se tornado certeza e a minha única certeza é que ela não valia nada e tudo que eu sentia por ela era bobagem, que ela nunca tinha dado importância para mim, eu fui apenas um brinquedo, uma marionete nas mãos dela, mas aquilo iria ter um preço e eu iria fazer com que ela pagasse, sem hesitar em momento algum, eu teria a minha vingança.
            Meus pensamentos foram interrompidos por um grito. Era Miguel! Ele correu até mim assustado, não estava entendendo nada e eu desabei em lágrimas. Minhas palavras eram balbuciadas com praguejos e arrependimentos
            - Ela me enganou Miguel, a desgraçada me enganou...
Ele mal conseguia me entender, apenas me abraçou forte e disse:
- Hoje você dorme lá em casa. Não vou deixar você ir pra casa assim, sua mãe vai pirar se te vir dessa forma... Lá em casa, com calma, você me conta tudo.
Após horas, lágrimas e resmungos, eu finalmente começava a organizar os meus pensamentos. Começava a desabafar e a contar tudo para Miguel. Ele me ouvia com atenção, a cada detalhe do que eu dizia, a cada declaração sobre o que eu sentia por ela:
- Ela já chegou a me dizer que eu a via de uma forma que ninguém a via... Dá pra acreditar Miguel? Eu virava noite com ela na rua, andávamos de mãos dadas cara! Como ela pôde ter me enganado assim?!
- Calma Pietro! Me conta tudo com calma...
- Velho, foi assim, eu fui até o trabalho dela... Como fazia na época em que ainda nos falávamos... Fui disposto a resolver minha vida com ela, a contar tudo que sentia e tal, sem medo de me expressar... Levei até flores cara?! Como eu fui idiota...
- Flores? Meu Deus, então o caso era sério...
- Não ria! Aquela desgraçada, aquela cachorra me paga...
- Conta logo e deixa de xingar a menina.
- Bem, como eu te disse, fui até lá cheio de esperanças e tal. Quando cheguei lá, ela estava aos beijos com um cara... Eu nem sei quem era e também nunca vi na minha vida... Mas era ela, eu percebi naquele beijo o quanto de sentimento estava depositado ali, era como se ela estivesse se entregando com apenas um beijo... Cara eu assisti àquilo inerte, parado, sem saber o que fazer... Daí ela abraçou o cara e pum! Outro beijo, eu nem sabia se continuava olhando ou se ia embora, nem sabia o que dizer a ela, foi quando...

- Caliente ela não?
- Pára Miguel!
- Foi só pra descontrair Mané!
- Foi quando ela me viu, minha única reação foi correr... Nem sei se foi o certo, mas o que eu poderia fazer naquela situação? Eu fui muito bobo, muito estúpido, e eu que pensava que Bianca fosse uma vadia...
-Eu te avisei... Mas não a condene ainda. Você não pode cobrar nada dela cara, o que vocês são afinal? Nada, apenas amigos...
- Miguel, você mais do que ninguém sabe, que a nossa amizade não era comum, que ela tinha deixado evidências claras que queria algo comigo.
- Mas Pietro, ela se afastou de você... Ela também deixou bem claro com isso que queria um tempo para ela.
- Não importa... Ela vai me pagar. Eu te juro que ela vai me pagar.
- O que você vai fazer?
- Se eu contar eu não faço... Apenas não tente me impedir.
- Amigão você sabe que eu sempre te apóio nas suas decisões. Eu nem sei o que você pretende fazer com ela, mas de antemão te peço calma. Não se antecipe em julgar as pessoas, você pode acabar cometendo uma injustiça.
- A minha decisão já está tomada e não quero que você participe só te peço que não se envolva.

Naquela noite eu não dormi, fiquei horas e horas rolando no colchão improvisado na casa de Miguel. Entre uma lágrima e outra, pensava na vingança. Aquilo me confortava e ocupou tanto a minha mente que eu nem tinha lembrado de avisar em casa onde eu estava. O resultado disso já é previsível... Minha mãe ficou uma possessa comigo, e após ligar 17 vezes para o meu celular, finalmente ligou para casa de Miguel, e sempre com o bom-senso dela, às 5 da matina.
Após o café segui para casa, pus a farda e segui para a escola. Mal parei em casa queria por meu plano logo em prática e para isso, precisava ter certeza que Alice não tinha me visto, porque aí ela pensaria que estava tudo na mesma, continuaria com aquele papel ridículo de boa moça dela e teria a oportunidade de me vingar.
Naquela manhã fui 8 vezes ao banheiro e 12 vezes beber água, não por estar com sede ou com vontade de urinar, mas sim porque queria encontrá-la, apesar dos esforços descobri que ela não tinha ido a escola. As poucas amigas acusaram doença, os desconhecidos sequer comentaram. O único jeito era ir ao trabalho dela... Percorrer aquele mesmo caminho no qual tinha visto tudo era torturante, cada esquina uma memória, cada memória um sintoma de dor e decepção. Mesmo assim eu fui, meu desejo de ir a desforra era muito maior, assim que cheguei fui até a recepção e lá estava ela, para a minha sorte sozinha.

- Oi menina! Será que eu posso acompanhar a bela senhorita até a sua casa? Faz muito tempo que nós não andamos juntos não é mesmo?
- Oi menino! Você nem imagina o quanto eu queria te encontrar hoje, não pude ir à escola e precisava conversar com você, te contar umas coisas...
- Não precisa me dar explicações Alice, na verdade fica até chato você me contando tudo, deixa as coisas assim, o mistério sempre foi o nosso ponto forte.
- Mas, você nem ao menos quer saber por que eu me afastei...
- Nada de, mas! Se você se afastou você teve os seus motivos, quem sou eu para questionar? Vamos tomar um sorvete que é melhor, já programei toda a nossa semana e pode ter certeza que será inesquecível.
- Tá bem então... Espero que você cumpra a sua palavra, tenho muita coisa pra te contar também, mas como você já disse, vamos deixar as coisas irem devagar.

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