Luzes no interior da casa, alguns passos
se dirigem a sala e estes sem dono, sem nome foram responsáveis por mergulhar
Otelo em sua loucura pessoal, sem alternativas se jogou na “casinha do lixo” e
lá ficou encolhido durante mais alguns minutos. Otelo jurava para si mesmo que
se conseguisse sair dali ileso pagaria qualquer promessa, mas dentro dele uma
pergunta se fazia presente: E Júlia? Ele precisava dela e no fundo sabia que se
saísse dali sem vê-la todo sacrifício seria em vão.
A
cozinha se acende cada vez mais os passos se aproximam do humilde esconderijo
de Otelo e ele já se preparava para o escândalo, os berros, a sirene e todo o
carnaval que a mãe de Júlia iria fazer. Já imaginava até a surra que tomaria,
na verdade já sentia até a dor...
As
luzes da varanda são acesas, bom agora é questão de segundos, Otelo sabe que
será descoberto. Contudo, a lua lhe trouxe mais uma surpresa e uma voz doce
ecoou dali
-
Otelo? Meu amor, eu não beijarei você fedendo...
“Como
assim?” Pensava Otelo. Como Júlia o descobrira ali? Tão rapidamente, logo Otelo
que se sentia quase um James Bond ao
entrar na casa dela. Contudo, seus pensamentos são interrompidos por mais
passos e agora era o semblante de Júlia que ficara completamente frio
-
Rápido, saia daí! Meus pais acordaram! Vá pelo corredor da varanda e entre pela
segunda janela, é o meu quarto.
Otelo
abriu um pequeno sorriso e antes mesmo dela falar outra vez, ele já havia
fugido para o corredor.
-
Julhinha... Não é hora de estar acordada. Amanhã você tem inglês.
-
Eu sei mamãe, apenas queria olhar a lua, estava com saudade dela.
-
Nem pense nisso... Não quero saber de você relembrando aquele marginal. Já lhe
disse, que o seu lugar é nos Estados Unidos, formada e linda, não aqui pensando
em encontros ao luar com um qualquer.
-
Mas mãe...
-
Sem mas, vá para o seu quarto e só saia de lá amanhã.
Em
silêncio Júlia se dirigiu ao quarto, mal a sua mãe sabia que aquilo era o que
ela desejara durante meses e muito menos que a sua pequena menina estava
disposta a se tornar naquela noite uma nova pessoa, uma flor que desabrocharia
em uma mulher.
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